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Ivo Palmeiro  - Estudante de Medicina

Ivo Palmeiro - Estudante de Medicina

"Cada doente deixa no voluntário uma pequena marca e, particularmente no estudante, uma marca que não pode ser aprendida nos livros."

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"Enquanto estudante de Medicina, acredito que a aprendizagem desta nobre profissão não pode, de forma alguma, descurar a sua vertente humanística. Sabemos o que esperam os doentes dos seus futuros médicos profissionais mais humanos, que os escutem com tempo e atenção, em quem confiem e, sobretudo, que os apoiem nos momentos de maior fragilidade e sofrimento. Creio que o voluntariado, mais propriamente o voluntariado em Saúde, é profundamente transformador. O contacto com os doentes numa circunstância em que estamos exclusivamente preocupados com a pessoa, e não apenas com a doença, marca o percurso dos estudantes que vivem esta experiência. Através de atividades de voluntariado, os estudantes de Medicina têm o privilégio de dar o seu tempo aos doentes, às famílias e até mesmo aos profissionais de saúde, contribuindo, de alguma forma, para melhorar a estadia dos doentes no hospital. O voluntariado é, essencialmente, a escuta dos doentes. Se, por um lado, as histórias clínicas representam uma ferramenta-chave na formação de um médico, as histórias que os doentes partilham com os voluntários, estudantes de Medicina, quando deixamos de lado a bata branca, assumem um papel decisivo na construção de um profissional de saúde de excelência. Cada doente deixa no voluntário uma pequena marca e, particularmente no estudante, uma marca que não pode ser aprendida nos livros. Aquilo que os doentes nos transmitem, sejam histórias, sorrisos ou silêncios, são momentos em que os estudantes podem perceber melhor a experiência do que é estar doente. Conhecemos as suas histórias, os seus problemas, as suas alegrias e as suas tristezas e saímos da cabeceira dos doentes enriquecidos por tudo quanto vimos e ouvimos. O voluntariado dinamizado pelos estudantes caracteriza-se por uma energia que se renova todos os anos. O seu espírito de solidariedade é bem visível e reinventa-se em tempos mais difíceis, como os que vivemos com a pandemia, para contornar obstáculos, levando conforto e amor àqueles que mais necessitam. Hoje, precisamos de trabalhar para que nos voltemos a aproximar, ao cuidar das nossas relações interpessoais, a ver e a escutar os outros – as pessoas, para além dos ecrãs. As associações de estudantes de Medicina devem continuar a apostar em oportunidades de voluntariado para os seus estudantes, conscientes de que, para além de fazer a diferença na vida dos outros, o voluntariado é um contributo de enorme relevância para a formação dos futuros profissionais de saúde." Ivo Palmeiro, Estudante de Medicina na Faculdade de Medicina da Universidade de Lisboa Vogal da Direção da Associação de Estudantes da Faculdade de Medicina de Lisboa 2021/2022